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sexta-feira, 4 de março de 2011

AS GRANDES GUERRAS DE ROMA

TERCEIRA GUERRA SAMNITA DE 298 A.C. À 290 A.C.



A Terceira Guerra Samnita ocorreu entre 298 e 290 a.C. Os samnitas organizaram uma coalizão contra Roma com etruscos, sabinos, lucanos, umbros e celtas do norte da península Itálica. Roma obteve vitórias fazendo frente a todos eles e reocupou Boviano em 298 a.C. As tropas samnitas fugiram para o norte atrás de etruscos e celtas e, em 295 a.C., a aliança lutou contra os romanos na Batalha de Sentino, na qual foram derrotados.
Após firmar a paz com os etruscos, Roma fundou a colônia de Venusia (atual Venosa), na Basilicata, para conter os samnitas, que finalmente se renderam em 290 a.C. Desde então, os samnitas foram obrigados a ceder tropas auxiliares para Roma, sendo paulatinamente assimilados pela cultura romana.



Postado por:
Marcio Eli Pereira.

AS GRANDES GUERRAS DE ROMA

SEGUNDA GUERRA SAMNITA DE 326 A.C. À 304 A.C.



A Segunda Guerra Samnita, a mais longa de todas, ocorreu entre 326 e 304 a.C., após a Segunda Guerra Latina, na qual os samnitas apoiaram Roma. Os samnitas interpretaram como casus belli tanto o apoio que Roma brindou a Nápoles, ameaçada pelos samnitas, como a fortificação de Fregelas (328 a.C.), situada na margem oposta do Rio Liris, que, até o momento, havia sido a fronteira entre ambos os povos.
É possível distinguir duas fases do enfrentamento. Na primeira fase (327-321 a.C.), os romanos trataram de cercar o território samnita. Contudo, em 321 a.C., os samnitas cercaram o exército romano nas Forcas Caudinas, permitindo sua retirada em condições humilhantes. Em 316 a.C., Roma reiniciou os combates, mas foi novamente derrotada na Batalha de Lautulae (315 a.C.). Sua estratégia seguinte foi a construção da Via Apia, que a comunicava com Cápua, fundando colônias ao longo de seu percurso para encerrar os samnitas dentro de seu território.
Em 310 a.C., os romanos venceram os etruscos (aliados samnitas desde 311 a.C.) na Batalha do Lago Vadimon, às margens do Rio Tibre. Após o avanço sobre a Apulia, os romanos tomaram Boviano, a capital samnita.
No fim da segunda guerra, em 304 a.C., Roma apoderou-se da Campânia.



Postado por:
Marcio Eli Pereira.

AS GRANDES GUERRAS DE ROMA

PRIMEIRA GUERRA SAMNITA DE 343 A.C. À 341 A.C.


As Guerras Samnitas foram uma série de conflitos armados da Antiguidade, entre 343 a.C. e 290 a.C., nos quais a incipiente República Romana enfrentou o povo itálico dos samnitas, que dominava os montes Apeninos ao sul do Lácio, pelo controle da região central da península Itálica. Ocorreram três guerras entre os dois povos, que terminaram com a completa submissão dos samnitas ao poderio romano.

Durante anos, os povos que viviam nos montes Apeninos haviam lutado para expandir-se até as terras baixas da Campânia e da costa do mar Tirreno, mas tanto etruscos como latinos haviam impedido estas invasões. Os samnitas eram uma destas rudes tribos apeninas que haviam se expandido até a costa da Campânia, onde tiveram contato com a mais avançada civilização grega, e que se supunha sua saída natural para o mar para dominar, assim, os mercados do mar Tirreno. Por sua vez, os brutios e os lucanos pressionavam as colônias gregas da Magna Grécia, sendo Tarento (atual Taranto) a principal delas.
A Primeira Guerra Samnita foi breve, entre 343 e 341 a.C. Após derrotarem os auruncos, os romanos visavam conquistar também a Campânia, consolidando a fronteira oriental que, mediante o Rio Liris, colocaria em contato a República Romana com o Sâmnio. Os samnitas, por sua vez, começaram a pressionar os sidicinos da cidade de Cales, os quais buscaram a ajuda de Cápua. Contudo, Cápua foi derrotada pelos samnitas e então foi solicitada a ajuda de Roma. Desta forma, Roma teve a desculpa necessária para atacar seus antigos aliados, devido ao crescente interesse em expandir suas redes comerciais fora do Lácio e monopolizar os centros comerciais, visando diminuir sua dependência da agricultura.
Os romanos, comandados por Marco Valério Corvo, obtiveram algumas vitórias em Campânia e no próprio Sâmnio. Contudo, a guerra não foi bem vista em alguns setores da sociedade romana. Houve, inclusive, rebeliões em algumas guarnições romanas em Campânia, que foram reprimidas por Valerio Corvo.
A guerra terminaria, anos mais tarde, com um compromisso de paz no qual os samnitas reconheceram a adesão de Cápua a Roma e dos interesses romanos na Campânia. Os romanos, por sua vez, entregaram os territórios sidicinos ao domínio samnita. Imediatamente, os aliados latinos de Roma se rebelaram contra esta, já que foram obrigados a lutar contra os samnitas sem serem consultados e se sentiram oprimidos pelo controle que Roma exercia sobre eles, razão pela qual ocorreu a Segunda Guerra Latina.



Postado por:
Marcio Eli Pereira.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

CAMPANHAS DE ALEXANDRE O GRANDE

CAMPANHAS DE ALEXANDRE O GRANDE DE 334 A.C. À 323 A.C.


Alexandre III da Macedônia,[1][2][3] dito o Grande ou Magno (em grego, Αλέξανδρος o Τρίτος o Μακεδών, Aléxandros ho Trítos ho Makedón, Αλέξανδρος ο Μέγας, Aléxandros ho Mégas ou Μέγας Αλέξανδρος, Mégas Aléxandros[4][5]) nasceu em 20 de julho de 356 a.C. em Pela (ou em Vergina [6]) – morreu em 10 de junho de 323 a.C., em Babilônia[7][8][9] foi um príncipe e rei da Macedônia, e um dos três filhos do rei Filipe II e de Olímpia do Épiro – uma fiel mística e ardente do deus grego Dioniso.
Alexandre foi o mais célebre conquistador do mundo antigo. Em sua juventude, teve como preceptor o filósofo Aristóteles. Tornou-se o rei aos vinte anos, na sequência do assassinato do seu pai.

Vida

A sua carreira é sobejamente conhecida: conquistou um império que ia dos Balcãs à Índia, incluindo também o Egito e a Báctria (aproximadamente o atual Afeganistão). Este império era o maior e mais rico que já tinha existido. Existem várias razões para esses grandes êxitos militares, um deles é que Alexandre era um general de extraordinária habilidade e sagacidade, talvez o melhor de todos os tempos, pois ele nunca perdeu nenhuma batalha e a expansão territorial que ele proporcionou é uma das maiores da história, a maior expansão territorial em um período bem curto de tempo. Além disso era um homem de muita coragem pessoal e de reconhecida sorte.

Busto de Alexandre conhecido como Azara Herm. Cópia romana em mármore do original de Lisipo, de 330 a.C. (museu do Louvre). Segundo Plutarco, as esculturas de Lisipo representavam fielmente o famoso conquistador macedônio.
Ele herdou um reino que fora organizado com punho de ferro pelo pai, que tivera de lutar contra uma nobreza turbulenta que frequentemente reclamava por mais privilégios, as ligas lideradas por Atenas, e Tebas (a batalha de Queroneia representa o fim da democracia ateniense e por arrastamento das outras cidades gregas e de uma certa concepção de liberdade), revolucionando a arte da guerra.
A sua personalidade é considerada de formas diferentes segundo a percepção de quem o examina: por um lado, homem de visão, extremamente inteligente, tentando criar uma síntese entre o oriente e ocidente (encorajou o casamento entre oficiais seus e mulheres persas, além de utilizar persas ao seu serviço), respeitador dos derrotados (acolheu bem a família de Dario III e permitiu às cidades dominadas a manutenção de governantes, religião, língua e costumes) e admirador das ciências e das artes (fundou, entre algumas dezenas de cidades homónimas, Alexandria, que viria a se tornar o maior centro cultural, científico e econômico da Antiguidade por mais de trezentos anos, até ser substituída por Roma); por outro lado, profundamente instável e sanguinário (as destruições das cidades de Tebas e Persepólis, o assassinato de Parménio, o seu melhor general, a sua ligação com um eunuco), limitando-se a usar o pessoal de valor que tinha à sua volta em proveito próprio.
De qualquer modo, fez o que pôde para expandir o helenismo: criou cidades com o seu nome com os seus veteranos feridos por todo o território e deu nome para cidade homenageando seu inseparável e famoso cavalo Bucéfalo. Abafou uma rebelião de cidades gregas sob o domínio macedónio e preparou-se para conquistar a Pérsia.
Em 334 a.C., empreendeu sua primeira campanha contra os persas na Batalha de Granico que deu-lhe o controle da Ásia Menor (atual Turquia). No ano seguinte, derrotou o rei Dario III da Pérsia na Batalha de Issus. Mais um ano depois, conquistou o Egipto e Tiro, em 331 a.C.. Completou a conquista da Pérsia na Batalha de Gaugamela, onde derrotou definitivamente Dario III, o que lhe conferiu o estatuto de Imperador Persa.
A tendência de fusão da cultura dos macedônios com a grega provocou nestes temor quanto a um excessivo afastamento dos ideais helênicos por parte de seu monarca. Todavia, nada impediu Alexandre de continuar seu projeto imperialista em direção ao oriente. Durante cerca de dois anos Alexandre manteve-se ocupado em várias campanhas de curta duração para a consolidação do seu império. Mas, em 327 a.C., conduzindo as suas tropas por cima das montanhas Hindu Kush para o vale do rio Indo, para conquistar a Índia, país mítico para os gregos, foi forçado a regressar à Babilónia devido ao cansaço das suas tropas, e instalaria aí a capital do seu império. Deixou atrás de si novas colónias, como Niceia e Bucéfala, esta erigida em memória de seu cavalo, às margens do rio Hidaspes.
Ele tinha a intenção de fazer ainda mais conquistas. Sabe-se que planejava invadir a Arábia e, provavelmente, as regiões ao norte do Império Persa. Poderia também ter planejado outra invasão da Índia ou a conquista de Roma, Cartago e do Mediterrâneo ocidental[carece de fontes?].
Infelizmente nenhuma das fontes contemporâneas sobreviveu (Calístenes e Ptolomeu), nem sequer das gerações posteriores: apenas possuímos textos do século I que usaram fontes que copiaram os textos originais, de modo que muitos dos pormenores da sua vida são bastante discutíveis.
Alexandre morreu depois de doze anos de constante campanha militar, sem completar os trinta e três anos, possivelmente como resultado de malária, envenenamento, febre tifóide, encefalite virótica ou em consequência de alcoolismo.[10][11]

O império de Alexandre.
O exército de Alexandre Magno
O exército macedónio sob Filipe II e sob Alexandre Magno era composto por diversos corpos complementando-se entre si: cavalaria pesada; cavalaria ligeira; infantaria pesada e infantaria ligeira.
A cavalaria pesada era constituída pelos hetairoi ou companheiros, formados em esquadrões ilai de 256 ginetes com capacete beócio, couraça de bronze ou linotorax, equipados com xyston ou lança de 3,80 m e uma espada. Os militares formavam a unidade de elite de cavalaria aristocrática macedónia, sendo o principal elemento ofensivo. Em situação de combate, formavam à direita dos hypspistas; os nove esquadrões com o esquadrão real de 300 ginetes tomando o lugar de honra, sob o comando de Clito Melas, cujo dever era o de proteger o rei durante as batalhas; à sua esquerda, colocavam-se os outros chefes em 8 esquadrões de 256 homens, subdivididos em 4 unidades de 64 ginetes sob comando de Filotas.
À frente de todos estes, posicionavam-se os arqueiros e protegendo o flanco direito, os prodromoi e restante cavalaria ligeira.

Falanges ou Infantaria.

Falange (em grego e antigo φάλαγξ / phálanx) em âmbito militar, é uma formação retangular de infantaria, tipicamente lanceiros.

Os soldados (ou Falangistas) mantinham uma formação cerrada, com as armas das primeiras linhas (o número exato dependia do comprimento das lanças, entre 4 e 5 metros, chamadas sarissas, contendo apenas o ponta afiada e um contrapeso) projetadas para a frente, de modo que seria impossível atingir qualquer homem da formação sem ser perfurado por alguma lança. Os restantes membros da formação, aqueles longe demais da primeira linha, mantinham-nas elevadas a uma média de 45º graus, numa posição de prontidão e anulando parcialmente um ataque pelo alto, como com a cavalaria saltando sobre a primeira linha de lanças. Os homens que ficavam nas últimas fileiras da falange eram usados como substitutos quando os soldados da frente morriam ou tombavam, além de constituir uma força de "empurrão" para toda a formação, de modo que o inimigo fosse literalmente esmagado sob o avanço da massa de lanças.

Falange grega indo em direção à batalha, enquanto peltastes atiram flechas sobre a formação.
As primeiras falanges aparecem em inscrições sumérias (meio do terceiro milênio a.C.), e dominaram os campos de batalha por milênios. Tornam-se famosas, assim como os soldados que as constituíam (Hoplitas), nas Guerras Greco-Persas, em batalhas como a de Maratona, Termópilas ou Plateia. Viriam a alcançar seu apogeu com a falange macedônia criada pelo rei Filipe II e seria uma parte fundamental, dos exércitos de Alexandre, o Grande e seus sucessores.
Quando formadas por soldados bem treinados, as falanges constituíam uma defesa frontal virtualmente indestrutível, mas tinham grandes dificuldades em avançar mantendo a linha. Além disso, como cada lança estava voltada para frente e espremida entre os outros homens da formação, as falanges eram vulneráveis e lentas demais para conter um ataque lateral. Dessa maneira, como visto com alguns generais, as falanges eram protegidas por cavalaria nos flancos, e muitas vezes recebiam apoio de arqueiros. Estes vinham na frente do exército, atiravam, e ao ver o inimigo vindo, corriam para trás das falanges por corredores estreitos, que eram fechados logo depois.
No início, o risco de investidas pelos flancos era insignificante, porque a tática padrão daqueles tempos era, quase sem exceção, um simples ataque frontal. Casos de um exército atacando o flanco de outro parecem ter sido mais resultado acidental que planejado. Entretanto, com o surgimento de chefes de batalha mais astutos, o aparecimento da cavalaria e de mais formas de manobra na infantaria, como a legião romana, os problemas das falanges foram postos em evidência, e seu uso abandonado gradualmente.

Alexandre e o Egito

A cultura do Antigo Egito impressionou Alexandre desde os primeiros dias de sua estadia naquele país. Os grandes vestígios que ele via por toda parte lhe cativaram até o ponto que ele quis "faraonizar-se" como aqueles reis quase míticos. A História da Arte nos tem deixado testemunhos destes feitos e apetências. Em Karnak existe um relevo onde se vê Alexandre fazendo as oferendas ao deus Amon. Veste a indumentária faraônica:
  • Klaft faraónico (manto que cobre a cabeça e vai por trás das orelhas, clássico do antigo Egito), mais a "Coroa Dupla", vermelha e branca, que se sustenta em equilíbrio instável.

Casamento de Alexandre e Roxana, 1517, por Il Sodoma
  • Cauda litúrgica de chacal, que com o tempo se transformou em "cauda de vaca".
  • Oferenda em quatro vasos como símbolo para indicar "quantidade", "repetição", "abundância" e "multiplicação".
Nos hieróglifos do muro se distinguem, além dos títulos de Alexandre – faraó que se representam dentro de um serej e um cartucho egípcio.

Relações pessoais

O grande amigo e companheiro de toda a vida de Alexandre foi Heféstion, filho de um nobre da Macedônia. Heféstion, para além de amigo pessoal de Alexandre, foi o vice-comandante do seu exército, até à sua morte. Alexandre casou com pelo menos duas mulheres, Roxana, filha de um nobre pouco importante, e a princesa persa Statira II, filha de Dario III da Pérsia. O filho que teve de Roxana, Alexandre IV da Macedónia, morreu antes de chegar à idade adulta.
O maior amigo e companheiro da vida inteira de Alexandre III da Macedónia foi Heféstion, filho de um nobre macedónio. Heféstion, para além de ser amigo pessoal de Alexandre, foi vice-comandante do seu exército. A sua morte deixou Alexandre completamente destroçado.
Alexandre casou com pelo menos duas mulheres, Roxana, filha de um nobre pouco importante, e a princesa persa Estatira, filha de Dario III. O filho que Alexandre teve com Roxana, Alexandre IV, morreu antes de chegar à idade adulta.

A opinião dos seus contemporâneos

Alexandre foi admirado na sua época pela forma humana como tratava os seus amantes. Plutarco argumentou que as relações de Alexandre com os seus amantes foram sempre guiadas pela ética, tal como aprendera com o seu mentor, Aristóteles, dando vários exemplos da moralidade de Alexandre neste domínio:

Quando Filoxeno, o comandante do litoral, escreveu a Alexandre que tinha encontrado um jovem na Jônia cuja beleza nunca havia sido vista e lhe perguntou se ele (Alexandre) gostaria que o rapaz lhe fosse enviado, ele (Alexandre) respondeu de forma seca e decepcionada: "És o mais odioso e mau de todos os homens, alguma vez me viste envolvido de forma tão baixa que sintas necessidade de me tentar lisonjear com assunto tão hedonístico?

Quando Filoxeno, o comandante das suas forças no litoral, escreveu que tinha consigo um certo Teodoro de Tarento, que tinha dois jovens de beleza inultrapassável para vender, e inquiriu se Alexandre os queria comprar, Alexandre ficou zangado, e perguntou várias vezes aos seus amigos que acto vergonhoso seu teria Filoxenos presenciado para gastar o seu tempo a fazer-lhe propostas tão horríveis.

Mas em relação às outras mulheres presas, reparando que eram extremamente nobres e belas, ele (Alexandre) apenas disse alegremente que as mulheres persas eram tormento para os olhos. E rivalizando com a beleza delas em sobriedade e auto-controlo, passou por elas como se fossem imagens sem vida em exposição. Estas posturas de Alexandre são coerentes com a filosofia de Aristóteles, que considerava que as relações puramente carnais eram vergonhosas.

Relações
Diodorus Siculus escreve: "Então colocou o diadema persa e vestiu-se com uma túnica branca e com um "sash" persa e tudo o resto excepto as calças e a camisa interior de manga comprida. Distribuiu capas debruadas a púrpura aos seus companheiros e arreou os cavalos com arreios persas. Para além disto, juntou concubinas ao seu séquito à moda de Dário, seleccionadas de entre todas as mulheres da Ásia pela sua beleza excepcional e em número não inferior ao dos dias do ano. Todas as noites elas desfilavam frente ao sofá onde estava o rei de forma a que ele pudesse escolher aquela com quem passaria a noite. Na realidade, Alexandre raramente procedia assim e normalmente limitava-se à sua rotina habitual, de forma a não ofender os Macedónios"[4].
O historiador romano Quintus Curtius Rufus relata: "Ele desdenhava os prazeres sensuais a tal ponto que a sua mãe tinha dúvidas sobre a sua capacidade de gerar descendentes." Conta-se que, para encorajar as suas relações com mulheres, o seu pai, Filipe II da Macedónia, e a sua mãe, Olímpia, terão mandado vir uma cortesã cara da Tessália, chamada Callixena.
Não há evidência que Alexandre tenha tido relações com mulheres fora do casamento, embora tenha casado três vezes: com Roxana da Bactria, Stateira e Parysatis, filha de Ochus (Dario II da Pérsia). Teve pelo menos um filho, Alexandre IV da Macedónia, filho de Roxana, que nasceu pouco depois da morte de Alexandre, em 323 DC. Pensa-se que Stateira poderia também estar grávida quando ele morreu; se isso for verdade, nem ela nem o seu filho participaram nas lutas pela sucessão de Alexandre. Pensa-se que poderia ter existido ainda outro filho, Heracles da Macedónia, de Barsine, filha do sátrapa Artabazus da Frígia, que se diz ter sido sua concubina em 327 DC. Mary Renault discorda:
Não existe registo de tal mulher no seu séquito; nem de nenhuma reclamação sua, nem da sua poderosa família, de que ela tenha sido mãe de filhos seus. No entanto, doze anos depois da sua morte apareceu um rapaz, de dezassete anos de idade... um peão fugaz nas guerras de sucessão... nenhuma fonte indica que Alexandre tivesse mencionado um filho que, tendo o de Roxana nascido postumamente, seria o seu filho único em vida, por uma mão de sangue quase real. Num homem que gostava de dar o nome do seu cavalo e do seu cão a cidades, tal parece pouco credível.

Heféstion

Alexandre teve como melhor amigo, companheiro e seu comandante de cavalaria (hipparchos) o seu amigo de infância, Heféstion (ou Hephaestion). Estudou com Alexandre, tal como muitas outras crianças da aristocracia da Macedónia, sob orientação de Aristóteles. Heféstion é primeiramente mencionado na história quando Alexandre chega a Tróia, onde os dois amigos ofereceram sacrifícios nos altares votivos dos dois heróis Aquiles e Pátroclo; Alexandre dedicando a sua oferenda a Aquiles e Heféstion a Pátroclo. Cláudio Eliano, na sua Varia Historia (12.7), conta que Heféstion "desse modo inferia que era o eromenos ("amado") de Alexandre, tal como Pátroclo tinha sido de Aquiles."
Nenhuma fonte contemporânea indica que Alexandre e Heféstion foram amantes[6]; o historiador Paul Cartledge afirmou que "Não é certo que a relação de Alexandre com Heféstion, ligeiramente mais velho, fosse alguma vez do tipo das que não ousam dizer o seu nome[7], mas é muito provável que tivesse sido. De qualquer forma, os costumes Macedónios e Gregos da época teriam favorecido uma componente sexual na relação, em vez de a inibir ou censurar."[8] Robin Lane Fox diz que: "Na juventude o seu grande amigo era Heféstion, e seguramente o elemento sexual (frequente nas cidades-estado gregas entre jovens do sexo masculino ou entre homens mais velhos e rapazes mais novos) já se teria então desenvolvido. Este tipo de relação sexual, entre homens, era vista como normal."[9] Alexandre e Heféstion tornaram-se, nas palavras de Fox, "amigos excepcionalmente próximos e intímos" até à morte de Heféstion, quando Alexandre o chorou demoradamente, deixando de se alimentar por vários dias.[10] Alexandre organizou um funeral importante para Heféstion em Babilónia e enviou uma carta para o santuário de Ammon, que já antes o elevara ao estatuto de deus, solicitando-lhe que concedesse também a Heféstion honras divinas. Os sacerdotes declinaram, mas declararam-no herói divino. Alexandre acabou por morrer pouco depois de receber esta resposta; Mary Renault sugere que o desgosto pela morte de Heféstion teria levado Alexandre a descuidar a sua própria saúde.

Campaspe

Campaspe, ou Pancaste, pode ter sido amante de Alexandre, talvez a primeira mulher com quem Alexandre manteve relações intímas. Julga-se que era uma proeminente cidadã de Larissa na Tessália; Cláudio Eliano deu a entender que ela teria iniciado o jovem Alexandre no amor.
Uma lenda antiga, transcrita na Naturalis Historia de Plínio (35.79–97), mas de veracidade desconhecida, conta que Campaspe teria sido retratada por Apeles, famoso na Antiguidade Clássica por ser o maior de entre os pintores; vendo a beleza do retrato desnudo de Campaspe, Alexandre apercebeu-se de que o artista apreciava (e amava) Campaspe mais que ele próprio e decidiu ficar apenas com o retrato para si, cedendo Campaspe a Apeles. O historiador moderno Robin Lane Fox diz que "por isso Alexandre deu-lhe Campaspe como prenda, uma formidável recompensa de patrono, que ficaria como modelo de generosidade para mecenas e pintores até à Renascença".
A história é belíssima, mas pode ter sido inventada: Campaspe não é mencionada em nenhuma das cinco principais fontes existentes para a biografia de Alexandre. Robin Lane Fox refere que a origem da lenda pode estar nos autores romanos, Plínio, o Velho, Luciano de Samósata e a Cláudio Eliano, na sua Varia Historia. Campaspe acabou por se transformar num pseudónimo genérico utilizado em poesia para referir à amante de um homem.

Barsine

Barsine foi uma nobre persa, filha de Artabazus e casada com Memnon. Existem relatos de vários historiadores antigos sobre uma relação amorosa entre ela e Alexandre, depois da morte de Memnon. Plutarco escreve: "De qualquer forma Alexandre, ao que parece, julgou ser mais digno de um rei controlar as suas paixões que conquistar pela força os inimigos, pelo que nunca se aproximou destas mulheres, nem se relacionou com nenhuma antes do seu casamento com excepção de Barsine. Esta mulher, a viúva de Memnon, o comandante mercenário grego, foi capturada em Damasco. Tinha recebido educação grega, tinha uma personalidade suave, e reclamava descendência real, uma vez que era filha de Artabazus que tinha casado com a filha de um rei da Pérsia. Estas qualidades tornaram-na mais atraente para Alexandre, que foi encorajado por Parménio, tal como nos diz Aristobolos, a ligar-se a uma mulher de tal beleza e nobre linhagem."[12] Adicionalmente, Justino escreve: "Ao contemplar mais tarde a fortuna de Dário, ficou cativado por tanta magnificência. E foi assim que começou a render-se a esplêndisos e luxuosos banquetes, e se apaixonou pela beleza da sua prisioneira Barsine, de quem teve mais tarde um filho a que chamou Herácles."[13]
Esta história pode ser verdadeira, mas se o for, levanta algumas questões complexas. O rapaz teria sido o seu único filho a nascer durante a sua vida (o filho de Roxana nasceu postumamente). Mesmo que Alexandre o tivesse ignorado, o que parece ser muito improvável, tanto o Exército de Alexandre como os seus sucessores tê-lo-iam certamente conhecido, e tê-lo-iam certamente arrastado para as lutas de sucessão que se seguiram à morte de Alexandre. No entanto, apenas se menciona o rapaz doze anos após esta data, quando foi apresentado um rapaz como pretendente ao trono. Este rapaz teve apenas um papel muito breve nas lutas pela sucessão, e acabou por desaparecer rapidamente. O que parece mais provável é que o romance com Barsine tenha sido inventado pelos apoiantes do rapaz para validar as suas pretensões de parentesco.

Roxana

Os historiadores antigos, tal como os modernos, descrevem o casamento de Alexandre com Roxana. Robin Lake Fox diz que: "Roxana tinha fama entre os seus contemporâneos como sendo a mulher mais bela de toda a Ásia, merecendo o seu nome iraniano de Roshanak, que significa "pequena estrela" (ou, provavelmente rokhshana ou roshna, que significam luz e iluminação). O casamento com uma família nobre local era muito sensato politicamente, mas os comentadores da época indicam que Alexandre, então com 28 anos de idade, também se teria deixado levar pelo coração. O banquete de casamento foi organizado no alto de um dos rochedos Sogdian, onde Alexandre e a sua noiva partilharam um pão (que Alexandre, caracteristicamente, teria cortado com a sua espada), um costume ainda hoje existente no Turquistão."[15] Ulrich Wilcken escreve que: "O melhor prémio que lhe coube foi Roxana, a filha de Oxyartes, na flor da juventude, e na opinião dos companheiros de Alexandre, sem contar com Stateira, a mulher de Dário, a mulher mais bonita que tinham visto na Ásia. Alexandre apaixonou-se completamente por ela e decidiu elevá-la à hierarquia de consorte."[16]
Roxana acompanhou Alexandre até à Índia, e deu-lhe um filho que também foi chamado de Alexandre (Alexandre IV), e que nasceu seis meses após a morte de Alexandre, o Grande.

Bagoas

Fontes antigas citam ainda a existência de um outro favorito, Bagoas, um eunuco de "excepcional beleza e na flor da juventude, com quem Dário tinha sido íntimo e com quem Alexandre também o seria."[17] Plutarco reconta um episódio (também mencionado por Dicearco de Messina durante algumas celebrações no seu regresso da Índia) em que os homens do seu Exército clamam por um beijo de Alexandre ao rapaz: "Soubémos também, que estando ele uma vez a assistir a uns concursos de canto e dança, tendo já bebido bastante vinho, e tendo o seu favorito, Bagoas, ganho o prémio de canção e dança, atravessou o teatro e tomou o seu lugar ao lado de Alexandre; quando reparam nisto os macedónios bateram palmas e, aos gritos, pediram ao rei que beijasse o vencedor até que, por fim, este o abraçou e beijou ternamente."
O historiador moderno Robin Lane Fox, considera que existe evidência directa e indirecta que sugere que existiu um "elemento sexual, desta vez de puro desejo físico" entre os dois, embora sobre a consumação dessa paixão comente que "bisbilhotice posterior presumiu que Bagoas foi amante de Alexandre. O que não está provado."[18]
Relatos históricos descrevendo o amor de Alexandre por Heféstion e por Bagoas como sexual têm sido contestados por terem sido escritos vários séculos depois da ocorrência dos factos. Por outro lado, a maior parte da informação de que dispomos sobre Alexandre tem origem nestas mesmas fontes. Será necessário aqui salientar que o conceito de homossexualidade tal como o entendemos hoje, não existia na Antiguidade Clássica Greco-Romana. O amor de Alexandre por belos e jovens rapazes não era considerada transgressiva, ao contrário do seu persistente amor por um homem da sua idade.

Reinado e conquistas


Alexandre lutando contra um leão com seu amigo Craterus (detalhe). Mosaico do século III a.C., Museu de Pella.
Logo após assumir o trono, Alexandre reiniciou a campanha contra a Pérsia. Em 335, convocou a Liga de Corinto e convenceu seus membros a elegê-lo comandante numa guerra de retaliação contra a Pérsia, como seu pai havia feito dois anos antes. Com exceção de Esparta, todas as grandes cidades-estado gregas ficaram a seu lado.[6]
A Pérsia havia desempenhado um importante papel na Guerra do Peloponeso, entre Atenas e Esparta nas três últimas décadas do século V a.C.. Após isso, um tratado assinado em 386 a.C. estabeleceu que as cidades gregas na Ásia Menor continuariam sob domínio persa. Porém no século IV a.C. alguns dos mais poderosos oradores gregos continuavam a clamar pela "libertação dos gregos da Ásia Menor". A Macedônia não era signatária do tratado de 386 a.C. e sua intenção de libertar os gregos da Ásia Menor do domínio persa atraiu a boa vontade da Liga de Corinto, mesmo com os temores das várias cidades-estado em relação ao domínio macedônio.[6]
Após combater a revolta da cidade de Tebas, Alexandre empenhou-se na campanha contra a Pérsia que o levaria numa viagem até os confins da Índia e, apesar de ter criado um império e nunca ter sido derrotado em combate, morreria sem rever sua terra.

Especulações

Por ter morrido ainda jovem e sem derrotas, muito se especula sobre o que teria acontecido se tivesse vivido mais tempo. Se houvesse liderado suas forças numa invasão das terras a oeste do Mediterrâneo, provavelmente teria alcançado sucesso, e, nesse caso, toda a história da Europa ocidental poderia ser completamente diferente.

Oreinado de Alexandre.


O império de Alexandre (em verde escuro), no contexto geopolítico à época de sua morte.
Com a sua morte, os seus generais repartiram o seu império e a sua família acabou por ser exterminada. Os Epígonos iriam gastar gerações seguidas em conflitos. Apenas Seleuco esteve prestes a reunificar o império (faltando o Egipto) por um curto espaço de tempo. Os seus sucessores fizeram o que puderam para manter o helenismo vivo: gregos e macedónios foram encorajados a emigrar para as novas cidades. Alexandria no Egipto teve um destino brilhante devido aos cuidados dos ptolomaicos (o Egipto, apesar da sua monumentalidade, nunca possuíra grandes metrópoles): tornou-se um porto internacional, um centro financeiro e um foco de cultura graças à biblioteca; mas outras cidades como Antióquia, Selêucida do Tigre e Éfeso também brilharam. Reinos no oriente, como os greco-bactrianos (Afeganistão) e greco-indianos, expandiram o helenismo geograficamente mais do que Alexandre o fizera. Quando os partos (um povo indo-europeu aparentado com os citas) ocuparam a Pérsia, esses reinos subsistiram até ao século I a.C., com as ligações cortadas ao ocidente.
Alexandre tem persistido na história e mitos tanto da cultura grega como das não-gregas. Depois de sua morte (e inclusive durante sua vida) suas conquistas inspiraram uma tradição literária na que aparece como um herói legendário, na tradição de Aquiles. Também é mencionado no livro zoroástrico de Arda Viraf como "Alexandre, o Maldito", em persa Guzastag,[12] pela conquista do Império Persa e a destruição de sua capital, Persépolis.
Roma recuperou o legado helenístico, e a miragem do império de Alexandre: Crasso e Marco António tentaram conquistar a Pérsia com péssimos resultados. Trajano morreu a meio de uma expedição, Septímio Severo teve o bom senso de desistir a meio e só Heráclito, no período bizantino, teve uma campanha vitoriosa: debalde, pois os árabes acabaram com a Pérsia Sassânida, enfraquecida pelas longas guerras com Bizâncio.
O ocidente medieval viu nele o perfeito cavaleiro, incluindo no grupo dos nove bravos e estabeleceu lendas e o "Romance de Alexandre". Luís XIV apreciava vestir-se como Alexandre (à maneira do século XVII obviamente) e esse epíteto seria sempre apreciado por monarcas absolutos.

Os nomes de Alexandre


Tetradracma de Alexandre o Grande
O império fundado por Alexandre marcou as culturas do oriente e seu nome possui versões em diversas línguas:
  • Em persa, Eskandar-e Maqduni ("Alexandre da Macedônia");
  • Em árabe ر, الإسكندر الأكب Al-Iskandar al-Akbar;
  • Em urdu, سکندر اعظم, Sikandar-e-azam;
  • Em pashto, Skandar;
  • Em hebraico, אלכסנדר מוקדון, Alexander Mokdon
Sikandar, seu nome em Urdu e Hindi, também se emprega como sinônimo de "esperto" ou "extremamente hábil".
Nas tradições do Oriente Médio é chamado de Dhul-Qarnayn , "o (homem) dos dois chifres", assim como em aramaico é referido como Tre-Qarnayia ("o dos dois chifres"), possivelmente devido às moedas cunhadas durante seu reinado representando-o com os chifres de carneiro do deus egípcio Amon.

Representações na cultura

Na música a banda inglesa Iron Maiden em 1986 compôs a música "Alexander, The Great" que fez parte do disco Somewhere in Time também do mesmo ano.
No século XX, Alexandre o Grande foi objeto de muitos documentários da televisão.
Dois filmes de grande sucesso tiveram como assunto Alexandre o Grande:




Postado por:
Marcio Eli Pereira.


GUERRAS POLOPONESO

GUERRAS POLOPONESO DE 431 A.C. À 404 A.C.

A guerra do Peloponeso foi um conflito armado entre Atenas (centro político e civilizacional por excelência do mundo do século V a.C.) e Esparta (cidade de tradição militarista e costumes austeros), de 431 a 404 a.C. Sua história foi detalhadamente registrada por Tucídides e Xenofonte. De acordo com Tucídides, a razão fundamental da guerra foi o crescimento do poder ateniense e o temor que o mesmo despertava entre os espartanos. A cidade de Corinto foi especialmente atuante, pressionando Esparta a fim de que esta declarasse guerra contra Atenas.

Antecedentes


A Grécia, antes da guerra do Peloponeso (431 a.C.)
As relações entre Atenas e Esparta eram tensas, ainda que formalmente amigáveis durante as Guerras Médicas, agudizando-se gradualmente a partir de 450 a.C., com lutas freqüentes e tréguas cíclicas, tudo pela disputa da hegemonia grega.
Atenas, dominando politicamente a Liga de Delos (também chamada de Liga Marítima Ateniense), controlava o comércio marítimo com a sua poderosa frota, desfrutando igualmente de uma boa situação financeira.
Esparta, por seu lado, assentava a sua estratégia política num exército imbatível e bem treinado, respondendo à Liga de Delos com uma confederação de cidades, a Liga do Peloponeso, que reunia, além da importante cidade marítima de Corinto, as cidades do Peloponeso (península no sul da Grécia) e da Grécia central. O crescente poderio e a riqueza inigualável de Atenas alarmava Esparta, como dizia Tucídides. A guerra era assim inevitável, como pensava Péricles, que acumulou uma notável reserva financeira para suportar um conflito em larga escala. No ano de 445 a.C., ainda se chegou a um acordo de paz que deveria durar trinta anos. Todavia, as alianças estavam feitas, e aí residia o detonador da guerra. Mas o acordo de paz não durou, e assim chegou a decadência de toda a Grécia.

Primeiro período: 431-421 a.C.


As alianças da guerra.
Corcira, colônia de Corinto, ponte natural entre a Grécia e o Ocidente, queria celebrar com Atenas uma aliança, que daria condições de dominar o comércio com o Ocidente. Corinto era aliada de Esparta, o que implicava que Córcira alinhasse nessa aliança.
Segundo Cláudio Eliano, o motivo da guerra foi o Decreto Mégaro,[1] proposto por Péricles, que se assemelhava a um embargo comercial moderno. De acordo com as provisões do decreto, os comerciantes de Mégara ficariam banidos do mercado de Atenas e dos portos de seu 'império'. Este banimento sufocou a economia mégara e desgastou a paz já frágil entre Atenas e Esparta, aliada de Mégara.
As cidades de Esparta, Corinto, Tebas e Mégara aliaram-se contra Atenas e seus aliados. Na primavera de 431 a.C. - no Outono e no Inverno não se combatia -, Tebas, aliada de Esparta na Grécia Central, atacou Platéia, antiga aliada de Atenas, dando início à Guerra do Peloponeso, que durou 27 anos e envolveu quase todas as cidades-estados gregas, provocando o enfraquecimento da Grécia.
De 431 a 421 a.C., os beligerantes devastaram reciprocamente seus respectivos territórios sem chegarem a alcançar êxitos decisivos.
Esparta invadiu a Ática com seus aliados em 431 a.C. Péricles, avaliando corretamente a superioridade do exército terrestre de Esparta, convenceu os atenienses a refugiar a população do território da polis ateniense dentro das longas muralhas que ligavam Atenas a seu porto, o Pireu, e a evitar uma batalha em terra com o superior exército espartano. Atenas confiava em sua frota de trirremes para invadir o Peloponeso e proteger seu império e suas rotas comerciais, mas foi gravemente surpreendida pela deflagração de uma epidemia - conhecida como Peste do Egito - em 430 a.C., que matou cerca de um terço da população da superpopulosa Atenas, inclusive Péricles. Isso afetou o moral dos aliados de Atenas e provocou uma frustrada rebelião da ilha de Lesbos contra a hegemonia da cidade ática. Apesar disso, a frota teve boa performance e foi estabelecida uma trégua de um ano, em 423 a.C.
O resultado das lutas foi variável nos anos seguintes. Na batalha de Anfípolis, no ano 422 a.C., morreram os chefes dos dois exércitos inimigos, o ateniense Cléon e o espartano Brásidas. A Cléon, defensor da continuidade da guerra a todo custo, sucedeu Nícias. A guerra estava equilibrada e as cidades beligerantes desgastadas. Por isso, esse primeiro período foi encerrado em 421 a.C. pelo Tratado de Nícias, que garantia a paz durante cinqüenta anos. Aproveitando-se disso, as cidades aliadas a Atenas procuraram se libertar de sua opressão, ameaçando todo o sistema democrático que se apoiava na cobrança de tributos.

Segundo período: 415-413 a.C.


A expedição à Sicília.

As principais ações em cada fase da guerra

As longas muralhas que ligavam Atenas a seu porto, o Pireu.
O segundo período foi de 415 a 413 a.C. A trégua, que deveria se prolongar durante cinqüenta anos, durou somente seis. Alcibíades liderou um movimento de oposição a Esparta no Peloponeso; suas esperanças esvaneceram-se com a vitória de Esparta em Mantinéia, em 418 a.C. A saída para a crise do sistema democrático era uma grande vitória militar contra a Liga do Peloponeso. Assim, em 415 a.C. foi preparada uma grande e poderosa esquadra, comandada por Alcibíades, para atacar a cidade siciliana de Siracusa (na Magna Grécia) e outras regiões da península Itálica, colônias de onde provinham os alimentos para Esparta e seus aliados. Alcibíades, principal defensor da expedição à Sicília (415-413 a.C.) foi acusado de impiedoso por seus adversários políticos em Atenas. Alcibíades, então, fugiu para Esparta e traiu os atenienses.
Esparta enviou então um poderoso exército para a Sicília, o que resultou num completo desastre para Atenas. A frota e o exército atenienses foram desbaratados pelas forças espartanas diante de Siracusa. Dá-se aí o ponto de viragem da Guerra do Peloponeso, apesar da derrota ter acontecido por um triz, mercê de uma chefia fraca aquando da invasão da Sicília, traduzindo o claro declínio político e militar surgido com a morte de Péricles. Os historiadores vêem no desaparecimento deste a razão do desastre ateniense, gorando-se a união da Hélade em torno de Atenas.
Na cidade de Atenas, tomou o poder um grupo oligárquico partidário da paz. Mas a sublevação da armada de guerra, desejosa de reiniciar o conflito, forçou o restabelecimento da democracia e, com ela, a continuação da guerra.
Na invasão de Siracusa pelas forças atenienses, não foi um exército espartano que iniciou a derrocada da frota, mas sim, apenas um general, Gilippo, pois os espartanos não tinham força naval suficientes para transportar um exército para o além-mar de Siracusa. Portanto, a tática espartana não foi enviar forças armadas para seus aliados, mas enviar um exemplo de coragem e habilidade bélica. O generel Gilippo treinou e disciplinou a grandiosa força siracusana e graças à estratégias dignas de uma mente militar brilhante, foi possível expulsar os atenienses e encurralá-los, sem suprimentos e com a frota avariada, no litoral.

Terceiro período: 412-404 a.C.


Trirreme grego
O terceiro período começou em 412 a.C.; a fortificação de Decélia, na Ática, pelos espartanos, e revoltas generalizadas entre seus aliados pressionaram Atenas, que havia perdido grande parte de sua frota na Sicília e estava falida e atormentada por convulsões políticas. Apesar disso e graças, em grande parte, a Alcibíades, nomeado estratego das forças atenienses, a sorte de Atenas ressurgiu, com vitórias navais em Cinosema (411 a.C.), e Cícico ou Cízico (410 a.C.), e com a reconquista de Bizâncio (408 a.C.).
Houve mais uma vitória em Arginuse, em 406 a.C. Os espartanos aliaram-se aos Persas em troca do financiamento de uma frota de navios para invadir Atenas, deixando, assim, o caminho livre para que os medos conquistassem as colônias gregas da Jônia (Ásia Menor). A partir de então, os espartanos, ajudados pelo ouro dos persas e pelas habilidades estratégicas e táticas do espartano Lisandro alteraram a balança. A tomada de Lâmpsaco, o triunfo na Batalha de Egospótamos (405 a.C.), perto do rio Egospótamos, e o controle do Helesponto pelos espartanos subjugaram Atenas, pela fome. Esparta venceu a Guerra do Peloponeso após a rendição de Atenas em abril de 404 a.C. As condições de paz foram desastrosas para a cidade de Atenas, enquanto Esparta se convertia no centro hegemônico da Grécia.
Seguiu-se imediatamente um golpe oligárquico em Atenas, apoiado por Esparta. A oligarquia, com o apoio das tropas espartanas, tomou o poder dos democratas. Esse governo ficou conhecido como Tirania dos Trinta, porque era formado por trinta oligarcas. A Tirania dos Trinta dissolveu a Confederação de Delos e entregou o resto da frota Ateniense a Esparta. A democracia foi restabelecida em 403 a.C..

Consequências

O declínio de Atenas marcou a ascensão de Esparta e desfez a única via possível para a unificação política do mundo grego, afetada rudemente com a devolução aos Persas das cidades da Ásia Menor em troca do seu ouro. A substituição do império ateniense, baseado no projeto de Delos, por um outro, militarizado, como o de Esparta, não trouxe grandes alterações ou momentos de grandeza helênica. Ao contrário, iniciou-se o apagar do "fogo grego".

Importância da Guerra


Batalhas e campanhas da Guerra do Peloponeso. As cores correspondem à situação dos Estados na deflagração da guerra, com exceção da semi-bárbara Macedônia, que inicialmente era neutra.
A importância desta guerra reside também no fato de ter envolvido quase todos os Estados gregos, além de ter registrado um número sem precedentes de homens em armas e um elevado consumo de recursos materiais. O poder naval foi fundamental, num teatro de operações onde tal se justificava, pois desenrolou-se entre a Ásia Menor e a Sicília. Anteriormente, as guerras tinham um caráter estival, de curta duração, com alguns rencontros de infantaria (hoplitas) e poucos combatentes, sem grandes estratégias e investimentos logísticos, com um carácter simples e com o seu fim a depender de cadências pela fome ou fuga de uma facção. A Guerra do Peloponeso foi diferente: grandes blocos de Estados, várias áreas de combate, com estratégia definida e dependendo da ação de Esparta ou Atenas - uma, potência terrestre; a outra, naval e detentora de um império financeiro e comercial.



Postado por:
Marcio Eli Pereira